Com o cenário empresarial em constante mutação, cresce a preocupação das organizações em fortalecer sua resiliência e adaptabilidade diante de mudanças abruptas na economia, nos padrões de consumo e nas cadeias globais de suprimentos. Essa tendência é apontada por uma nova pesquisa realizada pela SAP, que entrevistou 4.239 líderes empresariais em todo o mundo, incluindo o Brasil.
O estudo teve como objetivo entender como as empresas estão se preparando para enfrentar mudanças repentinas que possam afetar suas operações e o mercado em que atuam, bem como identificar quais tecnologias estão sendo adotadas para mapear, analisar e mitigar possíveis obstáculos futuros ao crescimento. Em todo o mundo, a resposta é unânime: o acesso a dados e a capacidade de extrair insights deles representam a principal estratégia das empresas na busca pela resiliência.
“A resiliência empresarial refere-se à capacidade de uma organização transformar adversidades inesperadas em oportunidades de crescimento”, afirma Fernando Santana, vice-presidente de Indústrias da SAP Brasil. “Uma empresa resiliente é aquela que responde rapidamente às mudanças no ambiente de negócios, não apenas para mitigar possíveis prejuízos, mas também para se destacar da concorrência e melhorar sua posição, mesmo em situações adversas. Resiliência está intrinsecamente ligada à inteligência, e essa inteligência só é alcançada por meio do acesso a dados e ferramentas que agilizam a tomada de decisões.”
Empreendedores brasileiros dão destaque à análise de dados
A pesquisa identificou oito áreas cruciais para a resiliência empresarial: capacidade de resposta rápida a interrupções nas operações; flexibilidade para se adaptar a mudanças econômicas, regulatórias, físicas ou tecnológicas; identificação de potenciais ameaças; absorção de mudanças inesperadas no mercado; acesso a fontes alternativas de suprimentos; planos alternativos de distribuição; prevenção ou gestão de escassez de mão de obra qualificada; capacitação de colaboradores em novas habilidades; e monitoramento e resposta a impactos negativos na marca.
Segundo os empresários brasileiros, as principais oportunidades de crescimento nos próximos 12 meses incluem o uso de tecnologias inteligentes para análise de dados e tomada de decisões (19,1%), expansão de mercado (13,5%), automação de processos (10,5%) e melhoria do reconhecimento da marca e reputação (8,6%). Já os principais riscos aos negócios são a instabilidade política (58,8%), volatilidade econômica (48,6%), defasagem tecnológica (40,9%), ciberataques (38,8%) e escassez de profissionais especializados (36,9%).
Quanto à capacidade das empresas de se adaptarem a possíveis cenários de disrupção nos negócios, os empresários brasileiros se consideram mais resilientes do que seus pares em outras partes do mundo. No Brasil, 28,3% dos entrevistados afirmam estar plenamente preparados para responder rapidamente e aproveitar mudanças súbitas nos cenários econômico, jurídico, regulatório ou tecnológico de suas áreas de atuação, ligeiramente acima da média global de 25%.
Tecnologia como pilar da resiliência empresarial
A tecnologia é considerada um dos principais pilares da resiliência empresarial. O acesso rápido e preciso a dados sobre diversas áreas operacionais é vital para análise e diagnóstico precoces de fatores internos ou externos que possam afetar negativamente as operações.
“Ter uma visão holística da empresa e do mercado é o primeiro passo para a resiliência nos negócios, permitindo que as empresas identifiquem riscos potenciais e ajam com inteligência diante de mudanças repentinas no mercado”, explica Fernando Santana. “Um bom planejamento é a melhor defesa contra fatores externos, e ele começa com uma base sólida de dados.”
Os empresários brasileiros demonstram uma confiança ligeiramente maior em sua capacidade de acessar dados críticos de negócios do que a média global. Eles relatam ter acesso a dados analíticos sobre suas cadeias de suprimentos (46,7% no Brasil contra 34,8% globalmente), análises de riscos (40,2% contra 33,7%), eficiência operacional (41% contra 38,3%), experiência do cliente (40,1% contra 37,6%), otimização da força de trabalho (39,6% contra 35%) e impactos de mudanças nos processos (36,3% contra 32,9%).
Quanto ao uso de tecnologia para responder a mudanças inesperadas no ambiente de negócios, os empresários brasileiros estão investindo em automação de cadeias de negócios com tecnologias de comunicação para coordenar atividades (18,2%), softwares de gestão da experiência do cliente (13,8%), infraestrutura de cibersegurança (12,6%), Internet das Coisas (IoT) (9,8%) e inteligência artificial para aprendizado de máquina e análises preditivas (7,7%).
No entanto, o processo de inovação encontra um obstáculo crônico no mercado nacional: a escassez de profissionais com habilidades necessárias para usar novas tecnologias e liderar a inovação dentro das empresas. A falta de talentos foi apontada como a principal barreira para a inovação por 12,9% das empresas brasileiras entrevistadas. Um estudo recente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em parceria com o Google, estima que até 2025 o déficit de profissionais especializados no país chegue a 500 mil.
Outras barreiras à inovação identificadas pelos empresários brasileiros incluem a dificuldade em abandonar modelos de negócios, produtos ou serviços atuais (12,3%), a dificuldade em obter feedback dos consumidores sobre novas ideias (11,4%), a falta de investimentos em novas tecnologias (8,9%) e dificuldades na comunicação entre os departamentos dentro das empresas (8,3%).