Em minha trajetória como profissional de tecnologia, ao olhar para os primeiros projetos em que participei, lembro de uma época onde a gestão de equipes parecia muito mais “intuitiva”. Havia uma comunicação fragmentada entre os times de desenvolvimento e as partes interessadas, sem uma figura claramente definida que conseguisse conectar a visão do cliente ao trabalho técnico.
As entregas, muitas vezes, surgiam a partir de uma sequência de erros e acertos, com ajustes feitos conforme o caminho se desenrolava. Não havia clareza nas metas e resultados. Essa falta de alinhamento foi a razão pela qual o papel de Product Owner (PO) se tornou uma peça fundamental na gestão de projetos — uma figura que não só entende as necessidades do cliente, mas também é capaz de conectar essas necessidades ao impacto no negócio, guiando as equipes para a entrega de valor real.
Na prática, a falta de um PO em um projeto cria um cenário em que as prioridades ficam constantemente em fluxos de mudanças desordenadas, gerando frustração tanto para as equipes quanto para os stakeholders. Sem uma figura centralizada e com conhecimento claro do produto, é fácil que as equipes se percam na implementação de recursos que não fazem sentido para o cliente ou para o modelo de negócio.
Em muitos casos, vi projetos desmoronarem por falta de um responsável único por garantir que o trabalho atendesse às expectativas do cliente e às diretrizes do negócio.
Em projetos ágeis, o PO assume um papel essencial, alinhando as expectativas dos stakeholders com as capacidades da equipe, garantindo que todos estejam na mesma página e que o valor real seja entregue de maneira contínua. O custo de não ter este profissional, portanto, não se limita ao atraso nas entregas ou à frustração de stakeholders, mas a um erro estratégico que pode ser fatal para a viabilidade do projeto.
À medida que o mercado se digitaliza cada vez mais e os consumidores se tornam mais exigentes, a dinâmica dos projetos de tecnologia também se transforma. O PO deixa de ser uma figura apenas técnica e passa a ser um papel fundamental na estratégia de negócios.
Ele é o elo entre o time de desenvolvimento e os objetivos da empresa, e sua função vai além de simplesmente priorizar as tarefas. Ele tem a responsabilidade de manter a visão do produto alinhada com as necessidades do cliente e garantir que as soluções desenvolvidas tragam o valor esperado, de acordo com a estratégia da organização.
Empresas que entenderam a importância desse papel começaram a ver os projetos não como uma mera execução de tarefas, mas como uma jornada contínua de entrega de valor.
Ele não só traduz as necessidades do cliente para a equipe de desenvolvimento, como também ajusta a visão do produto com base no feedback constante, garantindo que o projeto permaneça alinhado com as expectativas e necessidades do mercado.
O custo de não tê-lo se reflete diretamente na incapacidade de entregar valor ao cliente de forma consistente, no desperdício de recursos e em riscos imensos de falhas no produto ou no serviço final.
É o papel-chave para minimizar esses riscos e maximizar o retorno dos investimentos.
As empresas precisam entender que o papel do PO vai além de uma função técnica. Ele é, na verdade, um pilar da estratégia do produto e um responsável por garantir que todos os aspectos do desenvolvimento estejam em perfeita sintonia com as necessidades do mercado e do cliente.
É o defensor do valor, garantindo que a entrega do produto ou serviço seja relevante, impactante e bem executada.
A lição para os gestores e líderes de tecnologia é clara: o custo de não investir em um PO no seu projeto não está apenas nas falhas visíveis que podem surgir, mas em um risco muito maior — o risco de criar um produto que não atenda às expectativas do cliente e, consequentemente, perca espaço no mercado.
*Por Victor Gonçalves, Chief Digital Officer na Verity.