Desde a implementação do Open Finance no Brasil, o sistema financeiro tem dado passos sólidos rumo a uma nova era: mais conectada, transparente e centrada no cliente. A regulação avançou, as integrações foram construídas, e hoje observamos um crescimento expressivo desse ecossistema no país, que já evoluiu de 43 milhões, em janeiro de 2024, para 62 milhões em janeiro de 2025, um crescimento de 44% no período. As instituições representadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) já investiram mais de R$ 2 bilhões no projeto.
O potencial é claro: com a autorização do cliente, os dados financeiros circulam entre instituições, possibilitando uma visão mais completa do perfil de cada consumidor. No entanto, apesar dessa evolução, o grande desafio ainda está na geração de valor real a partir desses dados.
A boa notícia? Esse momento está começando a chegar. Dados do 1º volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 revelam que o orçamento total dos bancos brasileiros destinado à tecnologia (englobando despesas e investimentos) deverá atingir, neste ano, R$ 47,8 bilhões, um aumento de 13% em relação a 2024, quando foi de R$ 42,3 bilhões.
Com o amadurecimento da inteligência artificial — especialmente os modelos generativos —, o setor financeiro ganhou um novo aliado para interpretar esses dados em profundidade, extrair contexto e transformar informações em decisões relevantes. Outro recorte da Pesquisa Febraban mostra que 80% dos bancos incorporam IA nas operações e reportam um aumento médio de 11,4% na eficiência dos processos pós-adoção de IA e GenAI, sendo que 38% das instituições apontaram um aumento de eficiência acima de 20%. O estudo também revela que a IA continuará como uma das prioridades em 2025 para estas companhias, que estimam aumentar seus investimentos em 61% em inteligência artificial, analytics e big data, e em 59% na migração para cloud.
Na prática, isso significa que será possível antecipar necessidades, recomendar produtos mais aderentes ao momento de vida do cliente e criar jornadas financeiras verdadeiramente personalizadas.
Cada vez mais, instituições financeiras de todos os portes têm buscado transformar dados em decisões inteligentes. Uma das frentes mais promissoras nessa evolução é a combinação entre Open Finance e inteligência artificial, que permite usar os dados não apenas como recurso operacional, mas como alavanca de transformação inteligente e de fortalecimento do relacionamento com o cliente. É uma tendência estratégica no setor financeiro, que redefine como uma inovação tecnológica gera valor de forma assertiva e orientada ao negócio.
O Open Finance já nos colocou no mapa global de inovação financeira. Agora, com o apoio da inteligência artificial, temos a oportunidade de sermos também referência na entrega de valor personalizado ao cidadão.
Estamos apenas no começo dessa jornada. O que sua instituição está fazendo para transformar dados em valor real?
*Por Jorge Iglesias, CEO da Topaz.