Nos últimos anos, a automação robótica de processos (RPA) se consolidou como um pilar da transformação digital nas empresas modernas. No entanto, estamos vivendo agora uma nova fase dessa evolução: a migração do RPA tradicional para arquiteturas nativas em nuvem.
Tenho acompanhado de perto essa mudança em empresas líderes na América Latina e no mundo e posso afirmar com segurança: levar o RPA para a nuvem não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” e de “como” fazer isso de forma que amplifique resultados e prepare a organização para a hiperautomação. Uma pesquisa recente da Forrester, empresa de pesquisa de mercado, mostrou que mais de 70% das implementações de RPA em 2024 foram feitas em arquiteturas cloud-first ou cloud-native, indicando uma virada clara no modelo predominante de automação.
Por que mover o RPA para a nuvem?
Quem já opera iniciativas de RPA on-premises conhece os ganhos: eliminação de tarefas repetitivas, redução de erros e aumento da eficiência operacional. Mas também conhece os desafios, como escalabilidade limitada sem altos investimentos em infraestrutura, gestão complexa de múltiplos bots e versões, e time-to-value mais lento em projetos distribuídos.
A migração para a nuvem resolve essas dores estruturais e abre novas possibilidades. Estamos falando de um RPA como serviço (RPAaaS), onde as empresas pagam pelo uso e concentram a gestão em uma plataforma unificada. Esse tipo de serviço entrega capacidade elástica para rodar processos em paralelo e evitar o gargalo, integração nativa com IA e machine learning para automação cognitiva, e conectores prontos para sistemas SaaS, como Salesforce, ServiceNow, Office 365, entre outros.
Em outras palavras, não é só levar o que existe para a nuvem. É reimaginar a automação com a flexibilidade e poder computacional que a nuvem oferece.
As vantagens mais estratégicas que temos visto na prática
Escalabilidade real: Com RPA na nuvem, empresas conseguem sair de pilotos com 10 bots para operações com centenas sem replanejar datacenters ou investir em servidores adicionais.
Time-to-Automation reduzido: Ambientes cloud permitem que novos processos sejam automatizados em semanas, não meses. Podendo reduzir até 50% no ciclo de desenvolvimento e implantação de bots.
Segurança e compliance: Com parceiros estratégicos, o serviço na nuvem pode garantir criptografia ponta a ponta, autenticação multifator e compliance com regulações como LGPD, GDPR e PCI-DSS. A visão ultrapassada de que nuvem é menos segura do que on-premises já foi superada e a automação é parte desse novo mindset.
Automação híbrida e multicanal: Ao levar o RPA para a nuvem, as empresas ganham flexibilidade para automatizar processos que atravessam ambientes on-premises, sistemas legados e aplicações SaaS, algo cada vez mais crítico no cenário multicloud e híbrido.
O que considerar antes de migrar?
Claro que a jornada para o RPA na nuvem não é tão simples. Há pontos críticos que recomendo avaliar, como:
Arquitetura nativa em nuvem: Muitas ferramentas de RPA foram construídas para ambientes on-premises e agora apenas “rodam” na nuvem sem tirar proveito real dela. Utilizar uma plataforma projetada desde o início para cloud-native, faz diferença em performance e elasticidade.
Integração com IA e hiperautomação: O futuro da automação é híbrido, combinando RPA com IA, chatbots, processamento inteligente de documentos (IDP) e workflows orquestrados. Escolher uma plataforma que suporte essa convergência desde já é estratégico.
Modelo de licenciamento e custo: RPA na nuvem muda o jogo do Capital Expenditure (CAPEX) para Operational Expenditure (OPEX).
Governança e controle: Com mais bots e mais processos automatizados, a governança precisa ser robusta. É essencial contar com uma plataforma que inclui monitoramento centralizado, trilhas de auditoria e controle de versões que ajudam clientes a manter compliance mesmo em ambientes distribuídos.
O futuro: Automação como pilar da nuvem corporativa
Vejo o RPA na nuvem como um passo essencial para a hiperautomação, onde bots, IA e humanos trabalham de forma orquestrada para transformar operações. Empresas que estão adotando essa visão estão colhendo benefícios que vão além da eficiência: estão ganhando agilidade, resiliência e capacidade de inovar mais rápido em mercados cada vez mais digitais.
Se a empresa já avançou na automação on-premises, agora é hora de avaliar como a nuvem pode desbloquear o próximo nível. E se a organização ainda está começando, talvez o caminho mais inteligente seja já iniciar com uma arquitetura cloud-first, preparada para escalar desde o início.
A automação na nuvem é o novo padrão para empresas que querem competir e vencer na era digital.
*Por Fernando Baldin, country manager LATAM da AutomationEdge.