Vivemos um momento em que hospitais e clínicas, ao integrarem telemetria de dispositivos médicos, plataformas em nuvem e portais de pacientes, elevam seus níveis de eficiência e personalização do cuidado, mas também ampliam dramaticamente a superfície de ataque. Por isso, qualquer estratégia de segurança deve começar por um diagnóstico preciso da maturidade digital da instituição, avaliando arquiteturas de rede definidas por software, frameworks de identidade e criticidade dos processos clínicos, além de considerar o panorama regulatório.
É preciso arquitetar soluções capazes de validar cada interação, seja entre sistemas eletrônicos de prescrição, equipamentos IoT ou fornecedores externos, garantindo não apenas privacidade, mas a autenticidade de cada informação trafegada. Essa visão integrada, fundamentada em inteligência na prevenção de ameaças e segmentação dinâmica, estabelece as bases para um ecossistema de saúde verdadeiramente resiliente.
A hiperconectividade e a transformação digital acelerada elevam o volume de trocas de informação a patamares inéditos, muitas vezes sem o devido reforço das práticas de segurança. Em paralelo, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) impõe um tratamento uniforme a informações clínicas e pessoais, exigindo das equipes não apenas controles técnicos, mas também processos de governança capazes de mitigar danos reputacionais em caso de vazamentos. Esse cenário escancara vulnerabilidades desde o compartilhamento inseguro de credenciais até a falta de um baseline de segurança em estações de trabalho remotas, que não contam com o mesmo rigor das redes internas.
Para contornar essas fragilidades, arquiteturas modernas como SASE (Secure Access Service Edge) e Zero Trust devem substituir o paradigma de perímetro tradicional. A consolidação de redes e segurança na nuvem asseguram a aplicação uniforme de políticas de acesso, enquanto a verificação contínua de identidades e posturas de dispositivo impede que ataques laterais prosperem após uma eventual brecha. É fundamental definir um baseline mínimo de segurança em qualquer endpoint, do consultório ao home office, garantindo sustentabilidade de acesso sem sacrificar a performance.
Embora tecnologias avançadas sejam cruciais, sem um monitoramento ativo todo controle pode se tornar cego. Em saúde, instituições levam semanas, às vezes meses, para detectar invasões. A implementação de um Security Operation Center (SOC) 24×7, apoiado por soluções de Security Information and Event Management (SIEM) e threat intelligence, aumentam a prevenção e reduzem drasticamente o tempo de detecção e respostas orquestradas. Playbooks bem desenhados, cobrindo cenários de ransomware, vazamento de dados e negação de serviço, são indispensáveis para ações rápidas e coordenadas entre TI, equipes clínicas e jurídico.
Por fim, nenhum framework sobrevive sem o engajamento humano. Treinamentos contínuos contra phishing, revisão periódica de privilégios e uma cultura em que líderes de todas as áreas compreendam o valor da segurança são o alicerce para um ambiente verdadeiramente resiliente. Só assim será possível equilibrar a proteção de informações sensíveis com a necessidade de inovação e eficiência na jornada de transformação digital da saúde.
*Por Edgard Nienkotter, CEO da Hexa IT.





