Os ataques DDoS (Distributed Denial of Service) seguem como uma das ameaças cibernéticas mais frequentes e sofisticadas, mas sua natureza tem mudado rapidamente. Segundo o relatório Global DDoS Landscape da NSFOCUS, publicado recentemente, houve um aumento de 36,5% nos ataques ultracurtos, conhecidos como “burst attacks”, que duram menos de cinco minutos.
Apesar da curta duração, esses ataques geram picos de tráfego intenso que dificultam a detecção e demandam respostas automatizadas imediatas para evitar a sobrecarga dos sistemas.
Multiplicação dos vetores de ataque e foco em aplicações críticas
Outra tendência preocupante identificada é o crescimento dos ataques multivetoriais, que combinam diversas técnicas — desde inundações UDP e TCP até ataques na camada de aplicação (Layer 7). Esses ataques representam mais de 55% dos incidentes e têm o objetivo claro de sobrecarregar simultaneamente diferentes camadas da infraestrutura digital.
Além disso, o foco das investidas se concentra cada vez mais nas aplicações e APIs, por sua importância crítica nos serviços digitais. A dificuldade em distinguir tráfego legítimo de ataques maliciosos nessa camada torna a defesa ainda mais complexa, especialmente diante da ação de bots avançados que simulam comportamento humano para escapar dos mecanismos tradicionais.
Desafios das defesas tradicionais e o alerta de especialistas
Raphael Tedesco, diretor de negócios da NSFOCUS, destaca que muitas organizações ainda dependem de soluções antigas como firewalls tradicionais e balanceadores de carga, que não são eficazes contra os ataques distribuídos, multivetoriais e voltados para a camada de aplicação. Ele ressalta:
“Além disso, a dependência exclusiva de soluções locais (on-premises) limita a capacidade de resposta contra ataques de grande escala.”
Outro problema é a falsa sensação de segurança em empresas que não enfrentaram incidentes recentemente, o que pode levar à subestimação da sofisticação dos atacantes e da rapidez com que ferramentas criminosas, como o DDoS-as-a-Service, se tornam disponíveis.
Estratégias recomendadas para defesa eficaz contra DDoS
Diante do cenário atual, especialistas recomendam uma abordagem proativa e distribuída para a proteção contra ataques DDoS. Entre as principais práticas destacadas estão:
Mitigação híbrida (cloud + on-premises): Combinar serviços de proteção na nuvem com soluções locais para escalar a defesa conforme a intensidade e tipo do ataque.
Inspeção inteligente de tráfego: Aplicar análise comportamental e inteligência artificial para identificar padrões anômalos e distinguir bots de usuários legítimos.
Proteção específica para aplicações e APIs: Integrar firewalls de aplicação web (WAFs), gateways de API e defesas na camada 7 ao plano de segurança.
Simulações e testes regulares: Realizar testes controlados para avaliar a eficácia das defesas e preparar equipes para resposta rápida.
Monitoramento contínuo e resposta automatizada: Manter visibilidade em tempo real e automatizar decisões para conter ataques intensos e breves.
Impacto e cenário futuro dos ataques DDoS
Os ataques DDoS deixaram de ser meras tentativas de causar instabilidade para se tornarem armas estratégicas usadas por grupos hacktivistas, criminosos financeiros e até em guerras cibernéticas coordenadas. Segundo Tedesco:
“Dessa forma, as empresas que não evoluírem suas defesas continuarão vulneráveis a ataques que, mesmo durando poucos minutos, podem gerar prejuízos financeiros e reputacionais imensos.”