O avanço tecnológico no Brasil tem colocado os data centers no centro da nova economia digital. Mas para que cumpram esse papel com eficiência, é indispensável que estejam integrados a redes de conectividade modernas. Caso contrário, representam investimentos que não se traduzem em produtividade real.
Segundo o relatório IDC Latin America Data Center Trends 2025, o mercado brasileiro de data centers deve crescer a uma taxa média anual de 10,2% até 2027, impulsionado por investimentos em cloud computing, edge e IA. Só em 2024, mais de US$ 1,6 bilhão foram destinados à expansão de data centers no país.
Mas esse crescimento vem acompanhado de um desafio técnico subestimado: a conectividade. A Anatel aponta que menos de 40% dos municípios brasileiros têm redes de fibra óptica com capacidade acima de 1 Gbps, o que limita a expansão segura e eficiente de ambientes de missão crítica fora dos grandes centros urbanos.
Além disso, o estudo “The Future of Data Centers” da Omdia, publicado em 2025, reforça que a principal causa de ineficiência em novos data centers na América Latina é a falta de infraestrutura de conectividade robusta — à frente, inclusive, da escassez de energia ou mão de obra especializada. Em um data center moderno, não basta ter energia redundante e uma climatização eficiente. É a capacidade de mover dados com rapidez, segurança e baixa latência que define o verdadeiro valor da infraestrutura.
Sem redes ópticas subterrâneas, com rotas geograficamente distintas e capacidade escalável, os riscos são altos: indisponibilidade, perda de dados, downtime e impactos financeiros severos. Um levantamento recente da Gartner estima que o custo médio de uma interrupção não planejada em um data center pode ultrapassar US$ 300 mil por hora — especialmente em setores como financeiro, varejo e telecomunicações.
Para evitar esses riscos, a solução está no que muitos não veem: infraestrutura de fibra óptica subterrânea, com engenharia dedicada para garantir resiliência e continuidade. Não se trata mais de um diferencial, e sim de um pré-requisito. A fibra não é um “acessório” — é o verdadeiro sistema circulatório do data center.
Essa abordagem permite suportar operações de edge computing, serviços em nuvem, plataformas de IA e streaming, mantendo a integridade e a performance mesmo diante de falhas ou desastres. O Brasil é uma potência em energia renovável: de acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), 85% da matriz elétrica brasileira é composta por fontes limpas. Esse dado é um atrativo natural para grandes players globais — mas a vantagem energética perde força se os dados não trafegam com qualidade.
Investir em energia limpa sem garantir vazão digital é como construir uma rodovia sem saídas. É preciso que infraestrutura energética e infraestrutura de dados avancem em sintonia.
A conectividade precisa ser pensada desde o início de qualquer projeto de data center — ao lado de energia, refrigeração e segurança física. Não é uma etapa final, nem uma adaptação de última hora.
A economia digital brasileira depende de redes confiáveis, subterrâneas e resilientes. E o sucesso de qualquer data center, por maior que seja o investimento, está diretamente ligado à sua capacidade de se conectar ao mundo — com velocidade, segurança e escala.
Sem isso, o que se constrói não é um ativo digital. É apenas um espaço caro esperando para falhar.
*Por Carlos Eduardo Sedeh, CEO da SAMM.













