Enquanto cresce a pressão sobre as empresas por entregas mais rápidas e consistentes, ainda persiste uma lógica ultrapassada: a de que mais trabalho humano significa, necessariamente, mais produtividade. Na prática, o que vemos é sobrecarga, retrabalho e gargalos sistêmicos que travam o desempenho organizacional. O desafio hoje não é fazer mais com menos, mas sim fazer melhor com o apoio das tecnologias certas.
A hiperprodutividade sustentável é o novo imperativo competitivo: reduzir desperdícios, eliminar tarefas repetitivas e liberar tempo para atividades de maior valor. Em vez de empilhar metas sobre times sobrecarregados, empresas líderes têm investido na reformulação dos processos por meio de IA e automação inteligente. É por isso que empresas de vanguarda têm apostado no uso de agentes autônomos de IA — aplicações inteligentes desenvolvidas para apoiar o mercado na aceleração de seus processos de negócio. Essa abordagem tem se mostrado a mais eficaz diante da avalanche de ferramentas genéricas de IA que, embora tecnicamente avançadas, muitas vezes não entregam o valor necessário para justificar investimentos robustos.
Os agentes, ao contrário, têm se consolidado como recursos estratégicos com alto potencial de impacto real. Os ganhos não são hipotéticos — são mensuráveis: aumento de até 40% no desempenho de projetos e eficiência superior a 80% em tarefas específicas. Isso tem ocorrido com a atuação coordenada de agentes autônomos de IA, que funcionam como extensões inteligentes das equipes, agindo com autonomia, velocidade e alinhamento estratégico.
Esse movimento é respaldado por projeções sólidas. O Gartner estima que, até 2028, cerca de 15% das decisões operacionais nas empresas serão tomadas por agentes de IA, e até 80% dos atendimentos padrão ao cliente poderão ser realizados sem intervenção humana até 2029, com potencial de redução de até 30% nos custos operacionais. Já a McKinsey reforça que agentes autônomos — e não apenas o uso pontual de IA generativa — são os verdadeiros motores de transformação, com potencial de gerar entre US$ 2,6 e US$ 4,4 trilhões em valor econômico global por ano.
Apesar do avanço das soluções, muitas empresas ainda enfrentam entraves relevantes: ausência de dados qualificados, dificuldades com compliance e, principalmente, desafios de adaptação cultural. No Brasil, esse cenário se repete: há entusiasmo com IA, mas ainda falta maturidade para pensar em sua aplicação com foco em impacto real. Muitas companhias continuam tratando a IA como produto, e não como uma plataforma estratégica. O resultado é um descompasso entre intenção e execução — especialmente nas organizações tradicionais, mais resistentes a mudanças estruturais. Enquanto isso, empresas mais ágeis, com cultura de experimentação e menos aversão a riscos controlados, estão colhendo os ganhos de produtividade com muito mais velocidade.
O debate, portanto, não deve girar em torno da pergunta “se” a IA pode gerar valor, mas sim: por que ela ainda não está gerando valor para minha organização? A resposta está menos na tecnologia — e mais na capacidade de lideranças ousarem transformar.
*Por Leandro Saran, COO da Objective.












 
