Na economia digital, a fraude não é somente um crime financeiro. É uma ameaça à confiança, e confiança é o ativo mais valioso que uma empresa pode ter. Nos últimos anos, acompanhamos uma revolução no jeito de consumir, pagar e interagir. O PIX, o e-commerce, os serviços online… tudo ficou mais rápido e acessível. Mas, na mesma medida em que a tecnologia trouxe conveniência, também abriu novas portas para os criminosos.
O que antes eram golpes isolados, atualmente se transformou em operações globais, orquestradas e com alto grau de profissionalização. Fraudes digitais deixaram de ser somente uma dor de cabeça para o time de TI, se tornaram um risco estratégico capaz de afetar a reputação, o caixa e a própria sobrevivência das empresas.
Quando falamos de prevenção, não se trata apenas de instalar ferramentas ou comprar a “solução da moda”. Fraude é um problema complexo que exige visão ampla. Na prática, existem três pilares que considero fundamentais. O primeiro é a autenticação forte, porque a forma como controlamos acessos continua sendo a linha de frente contra invasões e uso indevido de contas. O segundo é a inteligência na análise de transações, que permite identificar padrões e comportamentos suspeitos sem travar a experiência do cliente — equilibrando segurança e conveniência. E o terceiro, talvez o mais negligenciado, é a consciência das pessoas. Grande parte dos ataques ainda depende de manipular o fator humano, seja um colaborador interno ou um cliente final. Combinar esses três pontos não elimina totalmente o risco, mas cria uma cultura antifraude sólida, que responde de forma mais rápida e coordenada quando o problema aparece.
Olhando para frente, a tendência é de que as fraudes se tornem ainda mais sofisticadas. O uso de inteligência artificial por criminosos já é realidade, tornando golpes mais convincentes, com mensagens, áudios e vídeos falsos que confundem até profissionais experientes. Segmentos como o financeiro, o varejo digital e a saúde estão entre os mais vulneráveis. Bancos e fintechs correm contra o tempo para blindar pagamentos instantâneos. O varejo precisa proteger a jornada de compra online, que cresce a cada dia. E na saúde, dados sensíveis de pacientes viraram alvo de valor altíssimo no mercado clandestino. Esses setores, que lidam com informações críticas, não podem falhar e o custo de um incidente vai muito além do prejuízo imediato.
Diante desse cenário, a minha visão é direta: fraude não é um problema tecnológico, é um problema de negócios. É sobre como sua empresa quer ser percebida pelo mercado, pelos clientes e pelos parceiros. Quem ainda trata o tema como um custo operacional inevitável corre sério risco de ficar para trás. Já quem enxerga a fraude como parte da estratégia de competitividade sai na frente, porque entende que proteger a confiança é proteger o próprio negócio.
A fraude digital não vai desaparecer, mas a forma como escolhemos enfrentá-la define o quanto estaremos preparados para continuar crescendo em um mercado que não perdoa vacilos de confiança.
*Por Daniel Faravelli, BDM de CyberSecurity da Cloud Target.













