As fraudes que utilizam deepfake, manipulação digital de voz, imagem ou vídeo para simular pessoas reais, aumentaram cerca de 822% entre o primeiro trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025, segundo relatório global de segurança digital da Sumsub. O levantamento aponta que os incidentes no Brasil são cinco vezes mais frequentes do que nos Estados Unidos, colocando o país na linha de frente dos ataques digitais.
Caso no Amazonas chama atenção pela sofisticação tecnológica
Na semana passada, a Polícia Civil do Amazonas deflagrou a Operação Holograma, que resultou na prisão de responsáveis por aplicar golpes milionários clonando biometrias faciais. As vítimas relataram veículos financiados em seus nomes com documentação falsificada por inteligência artificial.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), este foi o primeiro caso de deepfake no estado, destacando a sofisticação tecnológica utilizada nos golpes.
Deepfake já impacta rotinas corporativas
José Miguel, gerente de pré-vendas da Unentel, alerta que os golpes com deepfake deixaram de ser um risco distante e já afetam diretamente operações corporativas. “Hoje existem golpes em que a voz ou a imagem de executivos são clonadas para autorizar pagamentos ou liberar acessos. A tecnologia está mais sofisticada e exige protocolos de verificação mais rígidos, uso de múltiplas camadas de autenticação e treinamento constante das equipes. Trata-se de criar uma cultura preventiva dentro das empresas”, afirma.
Relatórios recentes e casos como o da Operação Holograma mostram que ataques com deepfake já atingem setores estratégicos como fintechs, bancos, tecnologia e serviços digitais, onde a confiança externa é um ativo fundamental.
Como se proteger de golpes com deepfake
Especialistas indicam medidas práticas para reduzir riscos:
- Verificação multicanal: confirme instruções sensíveis por mais de um canal já validado, como telefone, videochamada ou presencial.
- Ferramentas de análise de identidade sintética: utilize softwares que detectem deepfakes analisando padrões de voz, inconsistências visuais, metadados e histórico de comportamento.
- Treinamento e simulados internos: capacite equipes de finanças, compliance, TI e jurídico para reconhecer sinais de deepfake e realize exercícios simulados de ataque.
- Governança e política interna clara: estabeleça protocolos formais para casos suspeitos, registro de provas e colaboração com autoridades.
“A prevenção é hoje a principal defesa. Investir em tecnologia, conscientizar colaboradores e estruturar protocolos claros de resposta são passos essenciais para evitar que os deepfakes avancem dentro das empresas”, completa José Miguel.













