Em um cenário de transformação digital acelerada, onde os dados se tornaram o ativo mais valioso, e também o maior passivo, das corporações, a segurança da informação deixou de ser um tema restrito ao departamento de TI. Outubro, o Mês da Segurança da Informação, nos convida a uma reflexão mais profunda: estamos tratando a causa ou apenas os sintomas quando o assunto é proteção de dados?
A resposta para muitas empresas reside em uma mudança de paradigma: sair de uma abordagem reativa, que busca “consertar” a segurança no final do processo, para uma cultura de Segurança by Design.
Em vez de tratar a privacidade e a proteção de dados como um ajuste de última hora, elas devem ser o alicerce sobre o qual construímos produtos, serviços e processos. Ao co-criar uma solução de software, por exemplo, a segurança não é um item no checklist final, mas uma premissa que guia todas as decisões desde a primeira linha de código. É pensar em quais dados serão coletados, como serão armazenados e com quais níveis de acesso, antes mesmo de o produto existir.
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) transformou essa prática em uma exigência legal. Contudo, enxergar o Security by Design apenas como uma obrigação é perder de vista seu potencial estratégico e essa abordagem é um pilar fundamental para a sustentabilidade do negócio.
Os benefícios são claros e impactam diretamente o resultado:
1.Fortalecimento da Confiança: Em um mercado onde a confiança é a nova moeda, o consumidor valoriza empresas que levam sua privacidade a sério. Essa percepção se traduz diretamente em lealdade e vantagem competitiva.
2.Redução de Riscos e Custos: Falhas de segurança e incidentes de vazamento custam caro. As multas são apenas a ponta do iceberg; os danos à reputação e a perda de credibilidade podem ser irreparáveis. Prevenir é exponencialmente mais barato do que remediar.
3.Inovação Responsável: Quando os dados são tratados com transparência e respeito, abrem-se novas avenidas para modelos de negócio sustentáveis, baseados em uma relação de confiança com o cliente.
Privacidade não pode ser vista como um acessório, mas como um requisito de base, tão essencial quanto a viabilidade financeira ou a usabilidade de uma solução.
Mas afinal, o que é Segurança by Design?
É crucial entender que Segurança by Design não é apenas uma questão de tecnologia, mas de cultura organizacional. De nada adianta investir em criptografia de ponta se os colaboradores não recebem treinamento contínuo sobre boas práticas, ou se os processos internos não priorizam a minimização de riscos desde sua concepção.
A privacidade precisa ser um valor transversal, presente no DNA da empresa — do jurídico ao marketing, do atendimento ao desenvolvimento. Ela deve fazer parte de cada decisão. A confiança do consumidor é o que sustenta qualquer relacionamento de longo prazo, e ela só existe quando há clareza, responsabilidade e, acima de tudo, segurança.
E para concluir um tema que abre para muitas discussões, trago a seguinte reflexão: devemos nos conscientizar que a proteção de dados começa no desenho. Segurança não é um adendo; é fundamento.
*Por Thelma Valverde, CEO da Emiolo.













