Nos últimos anos, a automação deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica nas empresas. Porém, à medida que novas ferramentas surgem, especialmente as plataformas low-code e no-code, cresce também o debate sobre qual é o melhor caminho para automatizar processos com eficiência e sustentabilidade. A resposta, como quase tudo em tecnologia é: depende.
Há uma tentação natural de buscar soluções absolutas “tudo deve ser low-code” ou “o código puro é sempre mais robusto”, mas essa visão ignora o contexto. Existem processos em que o código ainda é insubstituível pela flexibilidade, desempenho e controle que oferece. Em contrapartida, há outros em que a velocidade e a simplicidade do low-code ou no-code se tornam vitais para responder às demandas do negócio. O segredo está em entender a natureza do problema antes de decidir qual ferramenta usar para resolvê-lo.
É inegável que o low-code e o no-code democratizaram o acesso à automação, eles permitem que profissionais de negócio, que conhecem profundamente as regras e fluxos operacionais, consigam construir soluções sem depender integralmente de equipes de TI. Essa autonomia reduz gargalos e acelera a inovação. Ensinar um analista de negócio a “arrastar caixinhas” é, muitas vezes, mais eficiente do que esperar que um desenvolvedor compreenda as nuances de cada processo de RH, financeiro ou atendimento ao cliente.
Por outro lado, há um ponto de maturidade em que as soluções visuais começam a esbarrar em limitações. Processos muito complexos, integrações com sistemas legados ou fluxos que exigem alto desempenho ainda dependem de linguagens de programação mais tradicionais, como Python ou Java. É aqui que entra o equilíbrio, unindo o melhor dos dois mundos. Plataformas que oferecem flexibilidade híbrida tendem a proporcionar resultados mais sustentáveis.
Outro fator essencial é a governança, já que quanto mais fácil se torna automatizar, maior é o risco de se criar um “caos organizado” de automações paralelas, sem padrão, documentação ou segurança adequada. Por isso, a automação deve ser vista como parte da estratégia de tecnologia da empresa, e não como um conjunto de experimentos isolados em diferentes áreas.
O debate entre low-code, no-code e código tradicional não é sobre tecnologia, é sobre pessoas, sobre como equilibrar conhecimento técnico e conhecimento de negócio, autonomia, governança, velocidade e estabilidade. A empresa que entender esse equilíbrio não apenas automatiza processos, cria uma cultura digital que multiplica o valor da automação.
E talvez essa seja a grande lição, em que automatizar não é escolher entre código ou no-code, mas entender o propósito e a maturidade da organização para decidir quando cada abordagem faz mais sentido. Afinal, o melhor código é aquele que realmente transforma o trabalho das pessoas, seja ele escrito linha por linha, ou montado com simples blocos arrastáveis.
*Por Fernando Baldin, Country Manager LATAM da AutomationEdge.












