O período de férias concentra, em poucas semanas, um conjunto de pressões que normalmente se distribui ao longo do ano. Há mais circulação de pessoas, maior volume de transações, aumento de entregas, maior dependência de terceiros e, ao mesmo tempo, equipes reduzidas para responder a imprevistos. Nesse contexto, a segurança deixa de ser apenas um tema de proteção e passa a ser um fator direto de continuidade operacional.
No Brasil, esse desafio também ganha contornos mais claros. Segundo projeções da Grand View Horizon, mercado de segurança física no país deve alcançar cerca de US$ 2,1 bilhões até 2030, impulsionado pela necessidade de proteger operações cada vez mais distribuídas e expostas. Esse crescimento não reflete apenas o aumento do risco, mas a percepção de que interrupções, falhas de coordenação e respostas lentas têm impacto direto sobre receita, reputação e confiança.
O risco, não se limita a furtos ou vandalismo. Incidentes de segurança física, falhas operacionais, eventos climáticos e fraudes digitais passam a competir pelo mesmo recurso escasso: tempo de resposta. Quando a operação já funciona no limite, qualquer ruído de comunicação ou atraso na tomada de decisão amplia custos e consequências.
Por isso, o debate mais relevante para as lideranças neste período não é como reforçar a segurança, mas como aumentar previsibilidade e coordenação em um ambiente mais volátil. Comunicação confiável, visibilidade operacional e integração entre sistemas deixam de ser atributos técnicos e passam a compor o desenho da operação.
Em ambientes como varejo, centros de distribuição, plantas industriais, eventos, aeroportos e serviços essenciais, a comunicação costuma ser o primeiro ponto de ruptura em uma crise. Quando a mensagem não chega, chega incompleta ou fora de contexto, a resposta perde ritmo. Tecnologias de comunicação crítica evoluíram para funcionar sob pressão, entregando clareza em ambientes ruidosos, interoperabilidade entre equipes e priorização de tráfego em situações críticas. Isso reduz fricção, retrabalho e dependência de improviso, especialmente quando as equipes operam em escala reduzida.
A visibilidade também passou por uma transformação. O vídeo deixou de ser apenas registro e se tornou insumo operacional. Com análises baseadas em inteligência artificial, é possível filtrar eventos irrelevantes e destacar padrões anômalos em tempo real, reduzindo alarmes desnecessários e fadiga das equipes. Quando esse monitoramento é sustentado por uma gestão unificada, o intervalo entre detecção e decisão se encurta e a cobertura aumenta sem sobrecarregar as equipes.
Nesse cenário, as câmeras corporais ganharam espaço em ambientes que exigem registro objetivo, em setores como varejo, instituições financeiras, segurança patrimonial, eventos e infraestrutura crítica. Elas contribuem para reduzir conflitos, apoiar apurações e reforçar padrões de conduta. Para os decisores, o ponto central é governança: definir quando usar, como armazenar, quem acessa e por quanto tempo manter os registros. Essa disciplina transforma o vídeo em um ativo de evidência confiável e reduz a incerteza, um dos principais multiplicadores de custo em incidentes.
O avanço mais consistente acontece quando esses recursos operam de forma integrada. Sensores, controle de acesso, alarmes, vídeo, IA e voz, quando conectados, permitem que um evento acione protocolos e respostas coordenadas sem depender de repasses informais ou interpretações individuais. Isso transforma dispositivos de campo em extensões de um comando distribuído, conectando o ambiente físico a fluxos digitais de decisão.
No fim do ano, o desafio é manter operação, receita e reputação sob controle em um cenário de maior exposição. Investir em tecnologia de segurança não é uma aposta em mais proteção, mas uma decisão de gestão para reduzir variabilidade, acelerar respostas e aumentar previsibilidade. Ao tratar a segurança como parte do desenho operacional, as empresas conseguem proteger pessoas, propriedades e lugares, atravessar períodos críticos com mais estabilidade e iniciar o próximo ciclo com bases mais sólidas para crescer.
*Por Luis Rocha, diretor de Canais da Motorola Solutions.





