Com o aumento expressivo das contas de cloud, as empresas entraram em um novo ciclo de preocupação: como manter a performance sem comprometer orçamento, velocidade e inovação? A resposta, a meu ver, está na combinação de três pilares que se reforçam mutuamente: FinOps, automação e observabilidade. Não são modismos técnicos, mas os fundamentos que determinam se uma operação em nuvem será sustentável ou apenas cara e frágil.
A migração para a nuvem, antes vista como vantagem competitiva, tornou-se o padrão mínimo para competir. Porém, após anos de expansão acelerada, percebemos que a adoção indiscriminada trouxe junto um efeito colateral: ambientes complexos, mal governados e, sobretudo, caros. Hoje, otimizar não significa desacelerar; significa garantir que a infraestrutura acompanhe as demandas de negócio com equilíbrio entre custo e desempenho.
É nesse ponto que o FinOps assume papel estratégico. A nuvem não é automaticamente sinônimo de economia, ela só se paga quando é gerenciada com disciplina. Ainda vejo com frequência workloads superdimensionados, serviços esquecidos após um teste, clusters rodando além do necessário e storage sem ciclo de vida definido. FinOps não é sobre cortar custos, e sim sobre gastar de forma inteligente. Como costumo reforçar: “Eficiência em nuvem não é sobre gastar menos, é sobre gastar certo, e isso só acontece quando FinOps faz parte do ciclo de decisão, não apenas do controle financeiro.” Quando times de engenharia, produto e finanças trabalham com transparência e métricas compartilhadas, a organização deixa de ser reativa e passa a tomar decisões baseadas em responsabilidade técnica e econômica.
Mas FinOps, isoladamente, não entrega eficiência contínua. Para isso, é indispensável acoplar automação, especialmente com práticas maduras de DevOps. Automatizar pipelines, provisionamento e escalabilidade evita erros manuais, reduz retrabalho e torna a operação previsível. Num cenário onde a demanda oscila em segundos, ajustar recursos manualmente é inviável e arriscado. A automação é o motor que garante que as otimizações definidas pelo FinOps sejam aplicadas de forma consistente e rápida, sem depender de intervenção humana a cada ajuste.
O terceiro pilar dessa tríade, e talvez o mais negligenciado, é a observabilidade. Não há como otimizar aquilo que não se mensura. A complexidade dos ambientes distribuídos exige visibilidade profunda, logs, métricas, traces e correlação entre eles. Observabilidade não é apenas monitorar alertas; é compreender o comportamento do sistema como um organismo vivo, identificar padrões, antecipar falhas e entender o impacto técnico no resultado de negócio. Como sempre digo: “Não existe performance digital sem observabilidade. O que não é medido, não é otimizado.”
Quando essas três disciplinas atuam juntas, criam um ciclo virtuoso. A observabilidade revela gargalos e oportunidades; o FinOps define priorização e impacto econômico; e a automação implementa melhorias com velocidade e consistência. O resultado é uma operação que equilibra controle e agilidade, dois conceitos historicamente tratados como contraditórios, mas que hoje precisam coexistir.
Diante da pressão por sustentabilidade digital e da escalada dos custos de cloud, não há mais espaço para abordagens improvisadas. A eficiência voltou ao centro da estratégia tecnológica, não como barreira à inovação, mas como condição para que ela exista em escala. Empresas maduras já entenderam que medir, automatizar e observar não são etapas isoladas, mas movimentos contínuos.
No fim, a nuvem deve ser tratada como infraestrutura estratégica. E infraestrutura estratégica precisa entregar performance com responsabilidade. FinOps, automação e observabilidade formam o alicerce que permite às organizações inovar com previsibilidade, segurança e eficiência no longo prazo.
*Por Rafael Luz, IT Manager da keeggo.




