As empresas em busca de agilidade já entenderam: migrar para a nuvem deixou de ser opção. O problema é que, à medida que se multiplicam as aplicações SaaS no dia a dia, os times de TI se veem diante de um desafio: como garantir segurança sem travar a produtividade e ao mesmo tempo atender aos requerimentos de conformidade e legislação?
É um equilíbrio difícil de alcançar, mas necessário. A nuvem trouxe agilidade e inovação, sem dúvida, mas também distribuiu credenciais por vários ambientes, o que aumentou a exposição a ataques. E os números confirmam o risco: mais de 60% das tentativas de invasão, segundo dados da Microsoft, hoje se aproveitam de técnicas como o credential stuffing, em que criminosos exploram senhas vazadas.
Mesmo assim, muitas empresas ainda adotam soluções legadas que foram importantes em determinado momento, mas que agora se demonstram frágeis frente a ataques mais sofisticados e o mal comportamento de usuários. Mas os tempos mudaram. O que faz sentido hoje é uma abordagem moderna de gestão de identidades (IAM), que una segurança firme com uma experiência de uso que não atrapalha.
Como começar?
Inicialmente, pelo Single Sign-On (SSO). Com um único login, o usuário acessa várias aplicações. É simples, direto, e já resolve dois problemas ao mesmo tempo: facilita a vida do usuário, sem a necessidade de post-it com senhas e reduz o risco de senhas repetidas ou fracas se espalharem por aí.
Mas só o SSO não resolve tudo. Com ataques cada vez mais bem disfarçados, a autenticação multifator (MFA) deixou de ser uma recomendação para virar prioridade. As soluções mais atuais já vão além do SMS e usam biometria ou análise de comportamento para validar quem realmente está tentando acessar — tudo isso sem complicar a rotina de quem precisa trabalhar. Quando configurado da forma certa, o MFA consegue barrar mais de 99% das tentativas de invasão.
O ponto de virada está na integração. Quando as ferramentas de acesso conversam com sistemas como o Active Directory ou Azure AD, processos críticos como concessão e revogação de acesso deixam de ser manuais. Isso ajuda a evitar erros — como deixar ex-colaboradores com acesso — e ainda libera o time de TI para se concentrar em iniciativas mais estratégicas.
E não podemos ignorar a parte regulatória. Com leis como a LGPD e a GDPR, saber exatamente quem acessa o quê não é apenas um detalhe, é uma obrigação! As soluções mais atuais de IAM já entregam isso de forma prática, com auditoria em tempo real e relatórios que falam a língua do negócio. No fim, o que era só exigência de negócio acaba virando uma vantagem real frente à concorrência.
No fim das contas, essa mudança é mais sobre mentalidade do que sobre tecnologia. As empresas que entendem o gerenciamento de acesso como parte do negócio, e não só como uma barreira de segurança, estão saindo na frente.
Com a experiência que o tempo traz, fica claro que modernizar o IAM não é mais uma opção — é uma necessidade estratégica. A questão agora é com que agilidade sua empresa consegue evoluir. Quem se antecipa, fortalece sua segurança e ganha fôlego competitivo em um mercado que não espera.
*Por José Ricardo Maia Moraes, CTO da Neotel.