A Bemobi (BMOB3), empresa de tecnologia com foco na oferta de soluções e plataformas móveis de serviços digitais, microfinanças e pagamentos, acaba de comunicar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) seus resultados financeiros relativos ao quarto trimestre de 2022. “Nossos indicadores, tanto os financeiros quanto os operacionais, refletem o sucesso da estratégia de diversificação de receitas, que definimos há dois anos, por ocasião do IPO”, afirma Pedro Ripper, cofundador e CEO da Bemobi.
O plano previa a expansão da empresa em negócios de pagamentos digitais, microcrédito e PaaS (Plataformas como Serviços) em mercados emergentes, que é foco prioritário da Bemobi. Atualmente, as três linhas de negócios já respondem por 66% da receita da companhia, que permanece ganhando terreno em seu mercado original, de micro assinaturas de games e aplicativos para smartphones.
Em 2022, a Bemobi bateu recorde nas principais métricas operacionais e financeiras. Registrou lucro líquido ajustado de R$ 97 milhões, um crescimento de 25% em comparação a 2021. O Ebitda (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 180 milhões, quase 50% acima do ano anterior. Já a receita líquida ajustada, também recorde, totalizou R$ 556 milhões, um crescimento de 70% sobre 2021. Outro destaque positivo foi a posição de caixa da empresa, que encerrou dezembro de 2022 com R$ 579 milhões.
“Hoje, transcorridos dois anos do IPO, a Bemobi é uma empresa duas vezes maior, mas mais importante do que quanto crescemos, é em como crescemos”, diz Ripper. “É claro que as duas aquisições que fizemos em 2021 foram fundamentais para dobrarmos de tamanho. Mas, diferente da maior parte das tecnologia, nós não crescemos apenas consumindo caixa com aquisições, mas, sim, por meio de uma geração de caixa orgânica bastante robusta, que nos levou a recompor o saldo de caixa próximo ao patamar pós-IPO, mesmo depois das duas aquisições transformacionais.”
Fôlego para crescer
Em fevereiro de 2021, a Bemobi abriu capital na B3, captando R$ 1,1 bilhão, dos quais R$ 620 milhões foram para o caixa da empresa. No mesmo ano, a Bemobi comprou a chilena Tiaxa e a brasileira M4U, controlada anteriormente pela Cielo. As duas empresas foram adquiridas para ampliar e fortalecer o portfólio de produtos da Bemobi, que ampliou sua atuação para uma fintech focada em soluções de pagamentos e microcrédito, para empresas de diferentes setores, como o de telecom, de energia e instituições financeiras.
Com quase R$ 600 milhões em caixa, a Bemobi entra 2023 com fôlego para novas rodadas de expansão com M&As. Segundo Ripper, a empresa permanece monitorando e avaliando oportunidades de negócios constantemente, mas sem pressa de bater o martelo. “Somos muito disciplinados em avaliar o que a empresa traz de benefício de maneira ampla e suas sinergias com nosso negócio existente”, diz.
Destaques do trimestre
No quarto trimestre, a Bemobi bateu recorde de receita líquida ajustada, que ficou em R$ 142 milhões, um incremento de 11% sobre o mesmo período de 2021. O Ebitda ajustado, de R$ 47,5 milhões, também foi o maior em um trimestre, ficando 12% acima do quarto período do ano anterior.
O lucro líquido ajustado foi de R$ 26 milhões, apresentando uma leve queda frente aos R$ 27 milhões do quarto trimestre de 2021. O resultado foi impactado pelo mark-to-market da operação de swap para a recompra de ações. Trata-se, portanto, de um efeito não caixa. Descontado esse efeito, o lucro líquido ajustado recorrente seria de R$ 32,6 milhões, o que reforça a robustez da operação.
Tecnologia e conhecimento de mercado
Criada em 2009, a Bemobi é especializada em criar soluções digitais para dispositivos móveis, principalmente em mercados com amplas faixas de consumidores de baixa renda. Inicialmente, a empresa fornecia apenas micro assinaturas de games e apps de smartphones através de grandes empresas de telecom. Mais recentemente ampliou sua atuação para pagamentos digitais e soluções de microcrédito, tendo como parceiros não só as operadoras de telecom, mas também distribuidoras de energia elétrica e instituições financeiras.
Apesar de criar e operar serviços voltados ao consumidor final, a empresa trabalha com o modelo B2B2C (Business-to-Business-to-Consumer). Ou seja, fornece seus serviços a uma grande empresa, que, por sua vez, oferta o serviço da Bemobi a seu cliente final. Nesse modelo, a receita gerada pelo consumidor é partilhada entre a Bemobi e seu cliente – empresas com milhões de consumidores finais, como operadoras de celular, bancos, varejistas e concessionárias de energia, entre outras.
A especialização em mercados emergentes veio das assinaturas de games para clientes de planos de celular pré-pago. Depois, veio a oferta de nano-crédito – alguns centavos para que o usuário de uma linha pré-paga possa finalizar uma chamada ou um jogo, antes dele ser bloqueado quando o crédito acaba. “São poucos centavos que entregam um valor percebido altíssimo para uma pessoa que teria a navegação interrompida no meio de uma operação”, diz Ripper.
Paralelamente a esses serviços, a Bemobi passou a oferecer plataformas white-label para que as operadoras vendam recarga de crédito de planos pré-pagos ou cobrem mensalidades de planos recorrentes. Atualmente, a empresa fornece soluções de pagamento digital também para concessionárias de energia. “Enxergamos essa vertical como uma nova estrada de expansão para a Bemobi, especialmente a partir da área de utilities”, diz o CEO.
Entre os produtos mais recentes de seu portfólio, está o credit score (nota de crédito), utilizado por instituições financeiras, como a American Express, no México. “Conseguimos transformar dados de transações de operadoras de telecom em conhecimento do perfil de clientes da base da pirâmide, o que as instituições financeiras tradicionais têm muita dificuldade.”
A tecnologia e o conhecimento de mercado necessários para atuar com serviços digitais destinados a consumidores de baixa renda levaram a Bemobi a uma intensa jornada internacional. Hoje, a empresa atua em 49 países, principalmente de economias emergentes.