Muitas pessoas ainda questionam o que seriam as chamadas smart cities. De acordo com a União Europeia e informações do endereço eletrônico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), cidades inteligentes são novas concepções de sociedade, as quais sistemas e pessoas se relacionam com o intuito comum de obter o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida.
No texto da SECTI, “Entenda o que é uma Smart City”, quando o tema é posto em tela é possível mensurar o nível de inteligência em face de algumas dimensões, tais quais: administração pública, planejamento urbano, governança, tecnologia, meio-ambiente, coesão social, conexões internacionais, economia e capital humano.
Naturalmente, a percepção de qualidade de vida muito se associa a própria estrutura do Estado e suas políticas públicas. Em associação às smart cities a qualidade de vida, também está intimamente relacionada à educação.
O processo de ensino e aprendizagem passou por valiosas transformações ao longo de vários anos e, neste tempo, o ambiente democrático, com estudantes ativos e emancipados, permitiu que a educação alcançasse públicos variados e melhorasse consideravelmente a vida em diferentes sociedades.
Educação inteligente para cidades inteligentes — esta é uma preocupação que deve ser considerada ao analisar quem são ou serão os habitantes destas cidades inteligentes. Estes habitantes têm a educação necessária para viver com qualidade, dignidade, independência e liberdade nas smart cities?
As habilidades, o sistema de valores, o conhecimento e a aplicação de um sistema educacional determinam como os sujeitos dessa educação podem administrar a si mesmo e ao meio ambiente. Assim, para uma cidade social e tecnologicamente responsiva que opera tanto na capacidade de acessar dados e aplicar conhecimento correto, deve-se exigir uma educação que possa atender a essas necessidades, é o que aborda o autor e educador Patrick Yegon no texto “Smart Education for Smart Cities” (Educação inteligente para cidades inteligentes).
Isso exige a adaptação da Educação Inteligente, uma vez que o estudo do sistema educacional tradicional revelará muitas incompatibilidades e carências, limitando os educandos e não os preparando para o universo exigido nas smart cities. Essencialmente, a Educação Inteligente precisa apoiar o desenvolvimento ao longo da vida, a equidade e a inclusão, a capacidade de resposta à proteção ambiental e às mudanças climáticas, segundo Yegon.
No Brasil, o Ranking Connected Smart Cities 2022, apresentado pelo jornalista Breno Damascena na “Imóveis Estadão”, elencou dez cidades que foram consideradas inteligentes, quais sejam: 1) Curitiba (PR); 2) Florianópolis (SC); 3) São Paulo (SP); 4) São Caetano do Sul (SP); 5) Campinas (SP); 6) Brasília (DF); 7) Vitória (ES); 8) Niterói (RJ); 9) Salvador (BS) e 10) Rio de Janeiro (RJ).
O Ranking Connected Smart Cities 2022 estabelece 75 (setenta e cinco) indicadores, os quais são desmembrados “em 11 (onze) eixos temáticos: mobilidade, meio ambiente, empreendedorismo, educação, energia, governança, urbanismo, tecnologia e inovação, saúde, segurança e economia”[1].
Contudo, a dúvida permanece: estas cidades são de fato cidades inteligentes? Há desenvolvimento enquanto liberdade? Há dignidade da pessoa humana e igualdade de condições para todos, inclusive na Educação Inteligente?
Possivelmente, você leitor (a) sabe a resposta. Cidades inteligentes vão além de hubs de conexão. É preciso desenvolver não somente a cidade enquanto tecnologia e meio-ambiente, mas e, principalmente, investir em seus cidadãos para que possam usufruir, preservar e desenvolver a própria sociedade a qual se está inserido (a).
*Por Catharina Orbage de Britto Taquary Berino, Professora da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília – FMPB.