Há cerca de um ano, o mercado de tecnologia dava sinais de que começaria a atravessar uma crise, a qual foi agravada pelas recentes demissões massivas em big techs, como Meta – que, sozinha, desligou 11 mil funcionários, número que representava 13% do total de colaboradores, sendo este o maior corte de sua história – Google, Amazon e Microsoft. No início de março, a Meta anunciou um novo corte, que deverá afetar 10 mil colaboradores, além do congelamento de vagas abertas.
Naturalmente, o momento atual é parte de um ciclo composto por etapas de expansão e retração. Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, observamos um crescimento acelerado do mercado tecnológico devido à digitalização de diversos setores, como trabalho remoto, comércio eletrônico, telemedicina e educação online. Tudo isso contribuiu para a alta demanda por desenvolvimento de tecnologias digitais. No entanto, após períodos de evolução acelerado, é comum haver encolhimento, principalmente se as expectativas que motivaram os investimentos financeiros não se concretizaram, sendo este um dos motivos para a atual crise.
Porém, mesmo passando por momentos de crise, ao longo das últimas décadas, o mercado de tecnologia sempre demonstrou resiliência, mantendo um crescimento contínuo. Quando o assunto é sobre a área de TI, o setor ainda se destaca como altamente promissor, por oferecer uma gama diversificada de oportunidades em diversos segmentos e nichos, como desenvolvimento de software, segurança da informação, inteligência artificial e big data.
Além disso, a demanda por profissionais aumenta a cada dia, devido à constante evolução e digitalização de diversos segmentos do mercado. De acordo com uma pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Brasil deve chegar em 2025 com um déficit de quase 800 mil profissionais do setor. Ou seja, ainda temos um gap a ser preenchido e temos, sim, muitas posições em aberto.
Embora as vagas de TI sejam abundantes, é importante reforçar que muitos desenvolvedores – afetados ou não pelas recentes demissões – precisam se atualizar em relação às tendências e tecnologias emergentes, investir em soft skills (habilidades socioemocionais como: comunicação eficaz, trabalho em equipe, resolução de problemas), estar abertos ao aprendizado contínuo e buscar sempre expandir a rede de contatos, visando aumentar as chances de sucesso no setor. Portanto, mesmo em momentos de menor crescimento geral, ainda é possível encontrar oportunidades em áreas específicas, se o profissional estiver bem qualificado.
É difícil determinar um prazo exato para o fim da crise e a recuperação do mercado depende de diversos fatores, como a situação econômica global, o desempenho de outras empresas no setor de tecnologia e a demanda por serviços e produtos digitais. Mas acredito que as expectativas para os profissionais de TI são positivas, por termos uma crescente demanda por soluções digitais e salários competitivos.
*Por Daniel Kriger,CEO e fundador da Kenzie Academy Brasil.