Pioneira no Brasil em criar uma plataforma de inteligência artificial (IA) para renegociação de dívidas baseada na versão mais atual do ChatGPT (4), a startup de cobrança digital Monest, realizou o primeiro acordo de acerto de débito pendente, conduzido totalmente por assistente virtual com tecnologia de IA generativa.
Lançada no último mês de abril, a assistente Monest IA (ou MIA) executou todas as ações até o fechamento do acordo, ou seja, da verificação segura da identidade do cliente, passando pela identificação e sugestão de valores e condições de pagamento de acordo com o perfil do cliente, até chegar a emissão dos boletos.
“Possivelmente, este foi o primeiro caso de êxito de acordo para pagamento de dívida feito 100% por inteligência artificial baseada na versão GPT-4, que foi lançada há pouco menos de dois meses”, acredita Thiago Oliveira, fundador e CEO da Monest.
Ele destaca que a empresa foi uma das primeiras convidadas pela desenvolvedora do sistema, OpenAI, a testar a versão 4. “Isso nos ajudou a customizarmos rapidamente a plataforma MIA, já incorporando os novos recursos do ChatGPT”.
O caso de recuperação de crédito intermediado pela Monest IA é entre uma fintech de crédito que concede empréstimos sem garantia e um cliente em débito que estava inadimplente há cinco meses.
A Monest começou a rodar a plataforma MIA em sua base recentemente, impactando mais de 150 mil pessoas que estão em situação de débito com as empresas clientes.
A plataforma MIA conduz negociações por meio de diálogos naturais e oferece propostas de acordo, levando em consideração o perfil de cada cliente. A assistente de negociação interpreta as respostas do devedor e oferece soluções para o pagamento de forma facilitada para que o cliente consiga encaixar a despesa no seu orçamento.
Redução de até 35% do custo com cobranças
Para Oliveira, o maior benefício do uso da IA para as empresas que contratam serviços de contact centers para realizar as cobranças é a redução de custos aliada a uma maior probabilidade de sucesso devido ao canal digital proporcionar uma experiência mais cômoda e menos invasiva às pessoas em situação de débito.
Segundo um estudo da Monest, a economia com a automação pode chegar a 35% e a diferença de valores cobrados por atendimento humano e robotizado pode ser ainda maior. Isso porque o gasto com atendimento por meio de IA tende a diminuir de forma substancial, na medida em que o custo da utilização dos “motores” de IA fique mais barato.
“A tendência é que daqui a alguns anos, o custo de atendimento por IA corresponda a apenas uma fração pequena do custo do atendimento por humanos”, pontua Oliveira, ressaltando que outra vantagem é o fato da atividade poder ser realizada pelas empresas de cobrança a qualquer momento, independentemente dos horários de trabalho dos contact centers.
Oliveira acredita que o mercado de empresas de cobrança de valores passará por uma profunda transformação causada pela IA já nos próximos meses. “O atendimento feito por assistentes virtuais potencializados com IA resultam em maior produtividade e eficiência. E, para o consumidor, em maior comodidade”.
O futuro é IA por voz
Para Oliveira, neste primeiro momento, o atendimento via IA vai otimizar a cobrança de dívidas para valores menores. Porém, a empresa já planeja ampliar a eficácia da ferramenta para clientes com dívidas maiores. Para isso, está desenvolvendo um robô de IA por voz.
De acordo com Oliveira, a renegociação verbal é mais indicada para dívidas de valores maiores, visto que os devedores tendem a preferir uma negociação mais individualizada, tentando um acordo mais vantajoso do que as ofertas “de prateleira”.
“Vamos continuar revolucionando o segmento de cobrança. Queremos ser pioneiros ao trazer ao mercado uma IA que atua por voz”, antecipa o executivo.
Segundo Oliveira, isso depende muito da evolução da capacidade de processamento dos motores e linguagem de AI, uma vez que o que há disponível no momento ainda não permite que a experiência de interação verbal seja o mais próximo possível de uma conversa entre humanos. “Contudo, isso mudará em breve e já estamos trabalhando para sermos os pioneiros nisso também”, conclui.