Os ataques cibernéticos representam hoje uma das maiores ameaças em nosso cenário atual, e um dos aspectos mais preocupantes nesse contexto é a crescente incidência de ataques direcionados à cadeia de suprimentos. Esses incidentes têm como objetivo explorar vulnerabilidades nas operações de abastecimento e distribuição de produtos e serviços em organizações, frequentemente envolvendo diversos parceiros, como fornecedores, fabricantes, distribuidores e varejistas.
O termo “cadeia de suprimentos” refere-se ao conjunto de processos e atividades que englobam a produção, transporte, armazenamento e entrega de produtos ou serviços ao consumidor final. Nessa era digital, a cadeia de suprimentos muitas vezes depende de sistemas informatizados, cuja comprometimento pode resultar em interrupções significativas, perdas financeiras e prejuízos à reputação das organizações.
Em 2020 e 2021, casos notáveis de ataques ganharam destaque. O primeiro ocorreu em uma empresa de software de gerenciamento de redes, onde invasores inseriram uma porta dos fundos em uma de suas atualizações de software. Isso permitiu que os atacantes ganhassem acesso às redes de empresas e agências governamentais de todo o mundo que instalaram a atualização comprometida. O segundo incidente, em 2021, visou uma empresa de software de gerenciamento de TI, onde os invasores exploraram uma vulnerabilidade em seu software VSA para implantar ransomware nas redes dos clientes que utilizavam o produto.
“Caique Barqueta, Especialista em Inteligência de Ameaças da ISH Tecnologia, destaca que Provedores de Serviços Gerenciados (MSPs) frequentemente se tornam alvos nesses ataques, devido ao amplo acesso que possuem às redes de seus clientes. Quando um MSP é comprometido, os invasores podem facilmente expandir sua presença nas redes dos clientes”, observa.
Essa estratégia é empregada pelos atacantes para estender sua influência e obter acesso a redes que seriam de difícil invasão de outra forma. Mesmo que uma empresa implemente medidas robustas de segurança, a vulnerabilidade de um de seus fornecedores pode servir como ponto de entrada. Uma vez dentro da rede do fornecedor, os criminosos podem explorar essa relação de confiança para infiltrar-se na rede principal.
Os ataques à cadeia de suprimentos têm se tornado mais complexos e sofisticados ao longo do tempo, com os tipos mais comuns incluindo:
- Ataques de software: Inserção de código malicioso em software legítimo durante o desenvolvimento ou atualização, tornando a organização vulnerável quando esse software é instalado ou atualizado.
- Ataques de hardware: Modificação ou inserção de componentes de hardware durante o processo de transporte ou fabricação, permitindo espionagem, modificação ou interrupção das operações que utilizam esse hardware.
- Ataques via provedores de serviços: Comprometimento de MSPs para obter acesso às redes e sistemas de seus clientes, que podem ser alvos subsequentes.
- Ataques por infiltração de fornecedores: Aproveitamento do acesso legítimo concedido a fornecedores confiáveis para entrar nas redes das organizações-alvo.
- Ataques de insiders maliciosos: Funcionários, ex-funcionários ou parceiros com conhecimento interno comprometem a organização, muitas vezes motivados por ganhos financeiros, vingança ou outros motivos.
- Espionagem da cadeia de suprimentos: Os atacantes, em vez de comprometerem diretamente uma organização, focam em espionar as comunicações entre fornecedores em busca de informações sensíveis ou potenciais pontos de acesso.
Caique Barqueta destaca a importância de abordar a segurança de maneira mais ampla, indo além das fronteiras internas de uma organização e considerando todos os parceiros com os quais ela se relaciona. Garantir a segurança da cadeia de suprimentos é essencial para a proteção geral da organização.