Uma pesquisa global divulgada pela Allianz Commercial revelou que os incidentes de cibersegurança foram classificados em segundo lugar entre os maiores riscos para os negócios no Brasil. Essa constatação vem em meio a um cenário onde os ciberataques continuam a crescer anualmente, impactando diversas empresas e organizações em todo o mundo.
De acordo com o relatório semestral da Fortinet, o Brasil testemunhou aproximadamente 23 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos somente em 2023, destacando a gravidade e a amplitude dessas ameaças.
Para Bruno Telles, Co-fundador e COO da BugHunt, estas estatísticas enfatizam a urgência de as empresas concentrarem seus esforços na área da cibersegurança, diante do aumento significativo dos crimes cibernéticos.
Recentemente, um incidente chocante evidenciou os perigos dos ataques virtuais, quando um funcionário de uma multinacional em Hong Kong foi vítima de um golpe, transferindo mais de US$ 25 milhões para golpistas durante uma reunião online. O colaborador, iludido, acreditava estar interagindo com o CFO da empresa e outros colegas, quando na realidade era o único participante real, enquanto os outros eram simulados por inteligência artificial (IA). Telles explica que essa técnica de deepfake, que cria vídeos ou áudios falsos, representa uma ameaça crescente, manipulando a aparência e a voz das pessoas para simular situações enganosas.
O COO destaca ainda que o cibercrime não se restringe apenas ao ambiente empresarial, mencionando casos recentes envolvendo figuras públicas como Pedro Bial, Tiago Leifert e Fátima Bernardes, que também foram vítimas de deepfake, com suas imagens sendo utilizadas em vídeos fraudulentos para promover produtos na internet.
Diante desses desafios, especialistas têm ressaltado a necessidade premente de regulamentação na esfera cibernética do Brasil. O decreto presidencial que estabelece a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) almeja diversos objetivos, incluindo o estímulo ao desenvolvimento de tecnologias nacionais para cibersegurança, garantia da confidencialidade e integridade de dados, combate aos crimes cibernéticos e promoção da segurança online para todas as faixas etárias.
A nova política também busca fomentar a conscientização em segurança cibernética, incentivar a pesquisa e a inovação no país, além de promover a colaboração e a troca de informações sobre cibersegurança entre os diversos setores, tanto nacionalmente quanto internacionalmente.
Para Telles, a regulamentação representa um passo crucial para salvaguardar o ambiente digital. “Para mitigar os riscos do setor, a segurança da informação deve ser um conhecimento fundamental e essencial. Somente quando as pessoas estiverem devidamente informadas e orientadas sobre os perigos cibernéticos e golpes, o cenário poderá começar a melhorar”, conclui.