Um levantamento do Boston Consulting Group (BCG), em parceria com o Global Cybersecurity Forum (GCF), aponta que a crescente digitalização tem impulsionado tanto os ataques cibernéticos quanto a necessidade de profissionais na área. Em 2024, o número de empregos em segurança cibernética alcançou 7,1 milhões, mas 2,8 milhões de vagas seguem sem preenchimento.
O relatório “Cybersecurity Has a Talent Shortage. Here’s How to Close the Gap”, baseado em respostas de seis mil participantes de 48 países, incluindo o Brasil, revela que menos de quatro em cada cinco vagas no setor são ocupadas. Esse déficit compromete a segurança digital de empresas globalmente.
Impacto financeiro e desafios para empresas
O custo dos crimes cibernéticos aumentou de US$ 445 bilhões em 2015 para mais de US$ 2,2 trilhões em 2024, evidenciando o impacto da falta de profissionais qualificados. O investimento em produtos e serviços de segurança cibernética já atinge quase US$ 200 bilhões ao ano, mas as organizações ainda lutam para conter o avanço das ameaças.
A rápida adoção de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial generativa, tem intensificado as preocupações no setor. Segundo o estudo, 58% dos Chief Information Security Officers (CISOs) veem essa tecnologia como um fator que pode habilitar novos tipos de ataques cibernéticos.
Estratégias para fechar a lacuna de talentos
O relatório recomenda medidas para mitigar a escassez de profissionais e fortalecer a segurança das empresas:
- Treinamento e capacitação: Mapear e aprimorar as habilidades dos funcionários para enfrentar ameaças emergentes.
- Investimento na qualificação: Oferecer programas de aprendizado contínuo, patrocinar certificações e ampliar treinamentos internos e externos.
- Planos de carreira atrativos: Criar caminhos profissionais mais estruturados e um ambiente que favoreça a retenção de talentos.
- Diversidade e inclusão: Atrair novos talentos, incluindo mulheres (atualmente apenas 24% da força de trabalho em segurança cibernética) e outros grupos sub-representados.
- Parcerias estratégicas: Trabalhar com agências governamentais em campanhas nacionais para incentivar a segurança cibernética como uma carreira promissora.
Escassez global de profissionais
A pesquisa destaca que a região da Ásia-Pacífico concentra a maior parte dos especialistas em segurança cibernética, mas também enfrenta a maior escassez de mão de obra, com 56% das vagas abertas. Enquanto isso, os EUA abrigam 70% dos principais fornecedores do setor.
Os segmentos mais afetados pela falta de profissionais são tecnologia e serviços financeiros, com déficit de 19% e 47%, respectivamente. Os principais desafios para preencher essas posições incluem:
- Falta de candidatos qualificados (64%);
- Concorrência com outras empresas (47%);
- Expectativas salariais acima da oferta (47%);
- Salários abaixo do mercado (25%);
- Falta de presença da empresa no país do candidato (16%).
Nos próximos anos, a escassez de talentos deve se tornar ainda mais crítica em áreas como liderança em segurança cibernética (50%), arquitetura de segurança (46%), segurança de rede (46%) e segurança em nuvem (44%).
Com a evolução das ameaças e o crescimento exponencial dos ataques, a necessidade de profissionais qualificados nunca foi tão urgente. A adoção de estratégias eficazes para atrair e reter talentos será determinante para a segurança digital das organizações no futuro.